Quem navega à deriva
sabe que há vida além dos mares nos mapas
além das bússolas, astrolábios, diários de bordo
além das lendas dos monstros marinhos, dos mitos
quem navega à deriva
acredita que há nos mares miragens, portos
inesperados, ilhas flutuantes, botes e salva-vidas
água potável, aves voando sobre terra, vertigem
quem navega à deriva
aprende que há mares dentro do mar à vista
profundidade secreta, origem do mundo, poesia
escrita cifrada à espera de quem lhe dê sentido
quem navega à deriva
se perde da costa, do farol na torre, dos olhares
atentos, dos radares, das cartas de navegação
imigra para mares de imprevista dicção.
Marcus Vinicius,
poeta, contista, crítico e ensaísta do Jornal Rioletras; doutor em Literatura Brasileira; Coordenador do Fórum Poesia UFRJ. E é autor de dez obras já publicadas. Modus vivendi (Prêmio Fábrica de Livros), Campo de trigo maduro (Prêmio Cidade de Juiz de Fora – Referência Especial), Antecedentes de outono (Prêmio Especial de Júri Walmir Ayala); Jardim das delícias (Prêmio Cidade de Juiz de Fora, Menção Honrosa); O homem da orelha cortada (Prêmio Sesc de Literatura, Menção Honrosa); A língua dos desertos (Prêmio Cidade de Recife, Menção Honrosa); Os 63 tons do amarelo (Prêmio UBE – Scortecci, Menção Honrosa) Os poetas da cidade (Bolsa Rioarte).
“Navegação à deriva” está no livro Manual de instruções para cegos,
editado pela 7 Letras, de Juiz de Fora, Minas Gerais, e ganhou o Prêmio Cidade
de Juiz de Fora de Literatura, da FUNALFA
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